domingo, 17 de outubro de 2021

Escultura

Apoie-se em mim, agora,
que estou sonhando...
Dissolve seu pó de gesso
e edifica tuas estátuas brancas,
que ficarão expostas pela eternidade.
Na brancura do papel, 
do lençol.
ou do sonho.
O sonho também tem este alvor de nuvem
que dissolve em brancura
a si mesma.

Apoie-se em mim,
e busque um outro alguém.
Encontre estes campos de flores estrangeiras.
Deixe formarem as notas de uma música transparente
do marfim de um piano aéreo.

Encontre estes rios em que se nadam
em mergulhos e pertencimentos.
E ouça se existem barcas de incertos destinos. 

Roube a respiração da minha boca e narinas.
O vento traz ar de cima, de baixo, 
e de todos os lados para nutri-las,
Nunca me faltará o ar aqui...
pois tudo é nada menos que sonho.

Trazes suas raízes e permanências
pois o plano é desta natureza.
Nesta superfície tecem-se tranças e setas consolantes,
árvores, criaturas, esperanças e lembranças:

Deixem que se cumpram, 
que aqui repousam as despedidas,
Estará em fundamento
E descansarão todos os pesos
de todas as vidas.

Dissolve seu pó de gesso
e edifica tuas estátuas brancas,
que ficarão expostas pela eternidade.
(Na brancura do papel).

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...