sábado, 30 de setembro de 2017

Soneto do Adeus

Como quem morreu e deixou em pranto
a mão abanando um adeus ao vento
tornei-me frio e seco ao alento
e nunca mais obtive espanto

E nunca mais eu amei-te tanto
foi-se assim embora minh'alma
pois de número já não se sabe quanto
queria eu que comigo estivesse na calma.

O meu dia esvai-se como água
entre os dedos que toquei-te um dia a face
mas que hoje é a tenra plácida mágoa

E a noite que gargalha ao fundo
minha desgraça de ter-te perdido
e encontrado o fim do meu mundo.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Soneto do alto Sol

Senti a mim alterado
como quem bebe de veneno eficaz
Um beijo sem ser amado
Um raio do sol que não brilha mais.

Num livro velho um conto de fadas
recita minha fábula sem fim
Essas pálpebras de lágrimas inchadas
e meu peito sangrando carmim.

Se te amo te digo de imediato
mesmo que efêmera a palavra sentir
mesmo que jamais eu seja sensato.

Numa fantasia um devaneio do amor
Que quando lhe vejo é como o alto sol
que queima seja onde for.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Uroboros

A minha aversão é bipolar
A minha oposição é eufórica.
em linha reta desenho meu lar
em torta a mesma casa alegórica.

A minha ilusão é contraditória
A minha contradição é ser o mesmo
em misantropia elejo a estória
em filantropia o eu mesmo.

No seio a antítese fantasia
no entorno do mundo do avesso
Trago do fumo da melancolia
e volto daqui para o começo.



Retrato

Homem mato
meio homem meio tato
Que toca.
Homem trato
Cheio, vazio, inteiro, abstrato
Que re-toca
Re-trato

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...