quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Transeunte

As mesmas ruas moram os cidadãos estáticos
e seus cigarros envoltos nos dedos enrugados
que pulam para longe quando estão no seu fim
e que crepitam vermelhas rotinas 
com qualquer ínfimo sopro ocorrente.

A cada dia vejo novas plantas florescerem em novas cores
As pombas comem seus banquetes de sementes locais
As calçadas se quebram e as mesmas são reconstruídas
de maneira célebre diante de tudo.

Há tanto progresso nessas ruas! 
As mesmas ruas!
Me pergunto onde estará o progresso da minha vida
que parece sempre a mesma.
Ora, sim, o meu progresso é este:
Eu sou o que está sempre passando!

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Ensaio sobre a significação IV

Deito-me nesta noite,
com os olhos elevados para saber 
o que ainda é insólito,
incontínuo, singular;
Mas não há cura evidente para a permanência,
apenas uma ínfima fresta de exílio.

A solidão às vezes dá essa paz de quem 
não tem contrato com a clemência,
nem o sorriso, nem o vocábulo.
A mudez que tanto me transgrediu,
não pode me constranger na solidão.
ademais ameniza.
Uma vez que já disse tudo o que foi cabido.
Uma vez que já possa ter sido junto. 
A solidão é um cisne branco 
às vezes dourado,
nunca comentado, 
apenas avistado.

E aguardo o tempo em que me deitarei
e a terra consumirá minha permanência.

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...