quinta-feira, 24 de junho de 2021

Grão primordial

Hoje meus braços são como galhos e ramos

E meus olhos, como a água nos veios das plantas:

A prata das passagens sob uma seda que rege

Todos os movimentos e imagens tantas.


E como clama um imenso verde infinito!

A cada centímetro e por dentro e de cima e de perto.

Campos de mim mesmo que deslizaram arvoredos

tomando enigmas e um silêncio sísmico e certo.


Deixai-me na solidão deste recinto!

A lavrar a alma com um eco antigo e afável...

de aromas, raízes e concretudes sonoras

Como uma semente única e arável.

domingo, 6 de junho de 2021

Caramujo

Marujo, marujo

Mateus caramujo!

-Rimava em deboche a criança de outrora.


Marujo, marujo

Mateus caramujo!


O tempo é possessivo;

diz ele: -Cada momento é meu!

(O brinquedo, a amarelinha,

tudo se perdeu!)


Marujo, marujo

Mateus caramujo!

Torna profunda arrancar-me a aurora!


No sonho cristalino

Quanto mais desatino

mais parece divino

seu cantar genuíno.


Marujo, marujo

Mateus caramujo!

-Lá fora, lá fora. Onde você mora?


Lá fora já não importa

Já que o mundo se transfigura

E minha casa é sonora! Sonora!

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...