quarta-feira, 7 de abril de 2021

Museu transcendental II

Para a amiga Bia Sassi

Caminhávamos diante de jabuticabas e primaveras brandas
Com troncos de cores tantas dissolvidas, que caçavam nossos olhos
na poda e no gosto, com as alfaces, cebolinhas e couves mirando-nos
tão verdes, que se entrelaçavam com o cintilar dos repolhos.

E pombos tão felizes, e alvos coelhos nos seus refúgios de grade
Com orelhas e barrigas da fertilidade se alimentando nas claras horas
As goiabas com suas minhocas nos davam a dúvida mais importante
que o dia oferecia em meio às montanhas, em meio às floras.

Pela manhã, dissolvidas pelo ar, as neblinas com seus mistérios
e sua brisa que vinha da noite com a promessa do dia novo
feito impérios recaindo sobre os montes e regendo brancas leis
Regras de vento e passagem, perfumes, vozes e povo.

Vacas distantes que nos davam o nácar da alvorada 
e a caneca de alumínio que fervia o leite até saltar por ora
Vindo da estreita estrada de terra nutrida de conheceres
e a falta de querer saber sobre qualquer outra coisa vinda de fora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...