terça-feira, 6 de abril de 2021

Museu transcendental

Ouvia-se no mesmo tempo, todos os dias, chegando
como braços sobre as árvores que deitavam sobre as ramagens
Cortando, pelos últimos raios de luz restantes do dia, o silêncio,
que era dos sonhos distantes; os grilos e as miragens.

E havia no frio uma cor de pressentimento e cordialidade
feito rosa entregue, sentida e desmanchada.
Trazia na efígie do dia, um cavalo com a mancha de estrela
pés sujos, joelhos torcidos e um filhote de pata dourada.

E ilogicamente, um livro disperso, grande e de cores antigas
sempre uma edificação ao fundo, vagalumes, e uma música vaga.
Algumas vezes uma fogueira ou apenas velas; velas e lampiões
afeiçoados às janelas, que como elas, o tempo também apaga.

Cristalino e arbitrário num acesso ao mundo de outrora 
pássaros que iam aceitando seus destinos e criações
Bois que flutuavam e pasciam sobre as gramas de ouro
ávidos habitantes do esquecimento e das multidões.

Tinha uma camada fina e translúcida nas longas noites
Sob o céu que de luminosidade e encanto servia serenos
devagar umidificava o jardim envolto no escuro e clamores:
"Virgem bendita cuide de nós e dos pequenos".

E levado pousa sobre a flor um beija-flor despretensioso 
E suave com suas asas velozes como, até aqui ,a chegada,  
Mas com o toque dos dias, a demora de ser quem fomos
Mas que passam vinte anos como se fossem nada.

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