domingo, 22 de setembro de 2019

Alucinação

Barris de águas límpidas de memória
guardadas em caixas na alma indecisa
só da invenção humana sobrevive história
só de rimas e poemas, nada mais precisa.

E armazenada turva à realidade
é tão incerto que encontre o seu destino
navego e remo exato do mundo isento
mas naufrago em terra e perco meu tino.

Esparramei meu pensamento à barca
palavras tantas, de profundidades e primitivas
ouvindo cintilar de fragilidades e rumores
cantando o oceano e as planícies subjetivas.

E assim como o amor, a caixa da alma evapora
e de barco de navegar em solo me reconheço
de afogar-me no chão abstrato é que estou vivo
de ser água que vem dos olhos que prevaleço.






segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Morte em Chronos

Ressonância de sol, eco da lua
despenca do céu movimento de prata
pela qual questão mística o tempo para
por inscrição de meu nome em folha abstrata

E entalhado em pedra rija, em instantes se derrete
e já não sei em que ano vivo ou padeço.
Se me demoro ou me reflito
Não sei se comigo mesmo ainda me pareço.

E é a dúvida que me perdura
em que arbitrária voz chama, paira e me leva
para as caixas das horas e séculos do além
-vez me segura, vez me eleva.
                                         (e até para a treva me busca também)

E aqui contemplo as formas dessa essência
Canto ofuscante de luas crescentes
Paradoxo que tece madeixas e asas
discursos duais de polos ausentes.

Meu Deus, sou todo cinzas de melodias
mortas pela passagem de compassos aéreos.
Quais caminhos singulares ainda me restam,
Que escadas invisíveis em andares etéreos?

Mas sempre me deixo padecer para gozar do canto.
Por que diabos um defunto se recusaria à plateia?
Nem que de tudo tenha visto de encanto
e de amores, vivido uma epopeia.

Mas de nuvem e vento todos nascemos irmãos,
de traço frágil que sustenta fugacidade.
Da lepra à glória imortal num só evento,
De poeta a um cadáver sem idade.


terça-feira, 10 de setembro de 2019

Mistério Natural

Aprendo com os dias e sua luz fugaz...
Ser mistério é como ser condição
Um estado de voo e ciclo
indo sempre suspiro e voltando sempre canção.

Me perco neste corpo secreto
De estrela como substância
feita da nuvem que caminha lenta
-É tudo à par da circunstância!

O que me aflige é não mais a dor
nem o grito de agonia, nem a lembrança tua.
Mas a privação de mim mesmo
a flor sem cheiro, o lago sem lua.

E o que avisto é pretensão de natureza
Morrer de riacho, nascer de glória
os dias vivendo diante da beleza
as noites decifrando minh'alma simplória.


Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...