segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Morte em Chronos

Ressonância de sol, eco da lua
despenca do céu movimento de prata
pela qual questão mística o tempo para
por inscrição de meu nome em folha abstrata

E entalhado em pedra rija, em instantes se derrete
e já não sei em que ano vivo ou padeço.
Se me demoro ou me reflito
Não sei se comigo mesmo ainda me pareço.

E é a dúvida que me perdura
em que arbitrária voz chama, paira e me leva
para as caixas das horas e séculos do além
-vez me segura, vez me eleva.
                                         (e até para a treva me busca também)

E aqui contemplo as formas dessa essência
Canto ofuscante de luas crescentes
Paradoxo que tece madeixas e asas
discursos duais de polos ausentes.

Meu Deus, sou todo cinzas de melodias
mortas pela passagem de compassos aéreos.
Quais caminhos singulares ainda me restam,
Que escadas invisíveis em andares etéreos?

Mas sempre me deixo padecer para gozar do canto.
Por que diabos um defunto se recusaria à plateia?
Nem que de tudo tenha visto de encanto
e de amores, vivido uma epopeia.

Mas de nuvem e vento todos nascemos irmãos,
de traço frágil que sustenta fugacidade.
Da lepra à glória imortal num só evento,
De poeta a um cadáver sem idade.


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