quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Continuidade

Minhas vísceras já estão alinhadas
em desenhos e costuras.
As fiz em tramas e também arquiteturas
todas muito bem empilhadas.

Retirei-as de dentro como um fio de lã
de uma ovelha solitária e faminta.
Da ânsia e âmago se faz essa tinta
que pinta o corpo da alma vã.

Sem entranhas sou recém vazio
Casca de cigarra presa ao tronco
da música cantada e levada pelo rio.

Volta ou outra engulo-as de novo
e o que construí até aqui me desfaço
Edifica-se a galinha por ser antes um ovo.

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