terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Poema antigo

Respiro.
Talvez minhas costelas abracem os meus pulmões pela forma como o ar atravessa cada cratera corporal. 
Eu te amo, diz indo,
Eu te amo, diz, vindo,
A cada fragmento de vento emoldurado.
Não sou perímetro, permito-me ser todo.
O formato é o infinito. Que desaparece na noite.
Na noite, eu encontro o que não se mostra, e me mostro onde eu me encontro. Em linha reta. Uma abstração imaterial. Não sou balanceável. Um espelho que não reflete a imagem inversa, pois não existe simetria. O barco flutua desigual mas em linha reta. 
A minha pele em linha reta. 
O meu cabelo em linha reta, encaracolado.
As montanhas no horizonte em linha reta, e tão curvas. 
Um ramo verde, outro seco. E quantos destes entre um e outro.
Em cada linha reta eu contorno o entorno, cruzo o fio, abro cada braço. 
Basto em ausência.
Pra quem está submerso a lágrima não é triste.

Talvez minhas costelas abracem os meus pulmões pela forma como o ar atravessa cada cratera corporal. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Retrato

Nada é pronto. O fruto antes precisa ser flor e antes semente. A música são antes apenas notas singulares. O que me chama ainda atenção são ...