sexta-feira, 24 de julho de 2020

Carta póstuma a mim mesmo.

"O que você diria pra uma versão sua do futuro que acaba de morrer?"

Peço - Peço que deixes a tristeza pela luta.
Como o cantar, de seda, de janela aberta
junto à libélula isenta e serena,
que se desprende do chão e a si mesma liberta.

Pela clareza que se faz o último dia
e que nele, por abarcar todas as perguntas,
tragas seu canto às cigarras que sempre souberam
e de nota em nota, tornavam as horas disjuntas.

Ao que dure o passo invisível da morte
palpitam as águas e flores ciprestes
Dizer-te as memórias que te vão escorrendo.

Capaz de não mais as carregar consigo à sorte
De dias que foram mais do que pão e vestes
Então leva apenas o ritmo que me vai morrendo.

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