Tento-me a pensar que tenho dois rostos.
Um que foi meu assim que nascí, e outro
Com traços mutáveis, perdido em todo lugar.
-Te procuro!
Já se foram muitas noites, dias, manhãs,
e quantas nem me dei conta!
Meus rostos: -um sem sentido, outro sem maçãs,
que meu ser a buscar remonta.
Sempre que saio a ver as criaturas
puxa-se uma linha nas sobrancelhas
Outra retrai e move as rachaduras
da testa, dos olhos, das orelhas.
Um rosto trança o outro.
Este o devolve o revés.
Tenho um rosto que transmuta
Para que eu possa ver através.
Qual deles uso hoje
Pra mostrar-lhes a minha face?
Ambos se tecem na difícil trama
e se embolam no prisma do lace.
Tento-me a pensar que tenho dois rostos.
Um que foi meu assim que nascí, e outro
Com traços mutáveis, perdido em todo lugar.
-Te procuro!
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