Há vagalumes pelos campos
em que antes eram apenas negras flores.
Se perguntarem do menino das rosas
digas: -Já não tem mais dores.
Já não caminha olhando para o céu.
Este que cresceu nos sóis e montanhas.
E dirás -Que queria este da vida de fato?
E trarás sempre mais dúvidas tamanhas:
-És feito de rosa? Nasceste por que lugares?
Comes que alimentos? Vives de que ares?
És eterno como a terra e pedras?
Tens amigos, amantes ou pares?
E ele, pequenino, responderá assim isento:
-Talvez morra de velhice, ou de acidente.
E quem vocês querem que diga não se dirá
Pois não se forma aqui, nem no presente.
E com a natureza faz a troca sensata:
O sol se põe ao longe sozinho
E o ramo cresce igual no seu acontecimento:
É como o menino faz com seu espinho.
Mas deram-lhe cores, traços e aromas
E assim acabará em cores, traços e aromas.
O menino das rosas traz consigo o perfume
que tem um pouco de todos os idiomas.
Já não clama, e pelos ares canta
O império ou o desalinho dos amores.
Se perguntarem do menino das rosas
digas: -Já não tem mais dores.
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